DE 15 A 25 DE ABRIL

Toda a palavra ou enunciado são precedidos por uma voz silenciosa, por um sonho acordado repleto de imagens e de pensamentos difusos sempre actuantes no nosso íntimo. Mistura de fantasmas e de pensamentos claros, de lembranças ou desejos, essa voz enfeita a linguagem e fornece-lhe, ao mesmo tempo, o seu terreno fértil. Este mundo caótico e silencioso que nunca se cala é a nossa vida interior. As formulações que daí emergem podem depois ser esmagadas logo à nascença. As ditaduras, na essência ou nas margens dos regimes políticos, ou como doença viral em relacionamentos pessoais, tendem a calar o indivíduo. A modernidade, por outro lado, leva a mal o silêncio. A palavra sem fim e sem réplica prolifera em detrimento da palavra renascente da comunicação quotidiana com os nossos próximos. Falamos da palavra que muda de estatuto antropológico: sai da ordem da conversa, entra no domínio dos media, das redes, dos telemóveis. Philippe Breton falava do paradoxo de uma sociedade “altamente comunicante e fracamente coincidente”.

Se alargarmos a geografia das nossas reflexões, veremos também que Ocidente e Oriente assumem estratégias distintas de significação do silêncio e da palavra. Falemos então de silêncios - os que crescem connosco, os que estranhamos, os que quebramos.

sábado, 17 de abril de 2010

Gabriela Llansol

...viagem ao imaginário da escritora Maria Gabriela Llansol. por Vera Mantero.



Comunidade de Leitores, 18h00

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